Desvendando a matriz de referência do enem: habilidades competências na preparação para o exame

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Se, de um lado, o conteúdo cobrado no Enem é amplo e difícil de ser completamente coberto nas nossas aulas, de outro, a avaliação por competências oferece um panorama muito interessante de ensinar os estudantes a captar o que se espera deles num exame como esse. Conhecer a estrutura da prova é fundamental para que os estudantes consigam focar naquilo que é mais importante, evitando estresses desnecessários e sobrecarga de estudos.

Ferramentas que apresentam os dados e auxiliam no planejamento de atividades assertivas e alinhadas aos objetivos de aprendizagem favorecem o foco da aprendizagem e diminuem consideravelmente a carga de trabalho de professores e alunos – priorizar é a palavra da vez em um mundo em constantes transformações. Agora, para ensinar os estudantes sobre a estrutura das avaliações é importante que você tenha claro o que se espera do seu estudante.

Você sabe como se constrói uma questão do Enem?

Algumas características são comuns a todas as questões do Enem:

  1. são questões objetivas;

  2. possuem um texto introdutório ou enunciado;

  3. possuem 5 alternativas;

  4. apenas uma alternativa é correta

  5. dizem respeito aos conteúdos e habilidades que devem ter sido aprendidos e desenvolvidos nas disciplinas do Ensino Médio.

Parece simples, certo? Pois bem, há aqui algo de muito valor para compreendermos sobre essa construção: a Teoria da Resposta ao Item (TRI).

Em resumo, a TRI classifica as questões do Enem por grau de complexidade. Isso quer dizer que dois estudantes que acertarem a mesma quantidade de questões podem ter notas distintas, dado a características das questões que acertaram ou não (mais fáceis ou mais difíceis).

Além disso, as questões do Enem são construídas com base em uma Matriz de Referências. De acordo com o MEC (Ministério da Educação), as competências são modalidades da inteligência que manifestam a relação entre as habilidades, que são processos cognitivos ligados ao “saber fazer”. Isso quer dizer que as competências são conjuntos de habilidades que o estudante consegue mobilizar na prática, em situações-problema, para solucioná-las a partir dos conteúdos oferecidos. Como as competências e habilidades da Matriz de Referência são exigidas em uma prova do Enem?

Em tese, cada questão do Enem deve contemplar uma competência dessa matriz e as suas alternativas devem apresentar as habilidades necessárias para respondê-la, tendo em vista a complexidade de cada processo cognitivo, expresso nas alternativas. É o que chamamos de descritores (alternativas corretas – o gabarito) e distratores (alternativas erradas ou incompletas do ponto de vista do que foi solicitado na questão).

Ensine seus estudantes a entender a estrutura da questão

Retomando a questão acima, observe abaixo quais são os componentes de uma questão do Enem:

 

 

É importante observar que os distratores não se limitam apenas a respostas incorretas. Esses elementos desempenham um papel crucial na análise das evidências relacionadas ao desempenho dos estudantes. Os distratores consistem em alternativas de resposta que abrangem erros comuns cometidos pelos estudantes ou apresentam um certo grau de sentido, embora não se enquadrem na proposta da questão.

Apesar de terem sentido, os distratores não devem induzir o estudante ao erro. Isso significa que as questões do Enem não devem ser elaboradas com a intenção de enganar os estudantes. Para evitar essa armadilha, a clareza do processo cognitivo e do contexto é fundamental, pois isso demonstra a aplicação direta da Matriz de Referência na elaboração do item.

A utilização de exercícios baseados na Matriz de Referência é uma estratégia altamente eficaz para o ensino-aprendizagem. Sempre que possível, o professor deve elaborar atividades que abordem as habilidades avaliadas pelo Enem, com a clareza de que as respostas devem demonstrar de forma objetiva o desenvolvimento daquela habilidade. Mas como fazer isso? A chave está no foco do verbo.

As habilidades são expressas por verbos de ação claros, como identificar, analisar, comparar, reconhecer, relacionar, selecionar, avaliar, entre outros.

Durante a preparação dos estudantes para o Enem, cada vez que o professor propor uma questão ou atividade, é essencial considerar a manifestação das habilidades por meio das ações realizadas pelo estudante.

Revisão, simulados e planejamento pedagógico com dados

Retomando o que estamos dizendo sobre apropriar-se da estrutura, incorporar os resultados no planejamento de novas atividades e familiarizar o máximo possível os estudantes da prova, algumas ações da escola podem potencializar essa preparação. É o caso das atividades pedagógicas focadas no desenvolvimento de competências e habilidades essenciais: revisões e simulados.

Os simulados são ferramentas que corroboram diretamente com essas premissas. É no momento do treino que conseguimos aproximar o estudante dos seus pontos fortes e das áreas que ele ainda precisa desenvolver para performar como deveria.

Existem, pelo menos, duas razões fundamentais para oferecer simulados de boa qualidade para seus estudantes:

Prepara os estudantes para o cenário de uma prova longa

Os simulados funcionam como treinos físicos e mentais para que o estudante consiga engajar-se em uma atividade avaliativa de longa duração. Os simulados devem se estabelecer como lugares seguros para o erro, mas comprometidos com a melhoria. Assim, os estudantes diminuem a ansiedade diante das provas e conseguem buscar desempenho cada vez melhores. Para isso, a revisão é fundamental: é o momento de diferença entre o Enem e os simulados. Enquanto no primeiro, a relação é temporária e momentânea, no segundo estabelece-se uma relação processual de melhoria. Para isso, é fundamental, para esse aspecto, que os simulados sejam muito próximos da estrutura que os estudantes vão enfrentar quando forem fazer a prova do Enem: tempo marcado, fiscais presentes, alunos que você não conhece em uma sala, etc.

São ótimos indicadores de correções necessárias

Os Microdados do Enem são muito detalhados e, muitas vezes, precisam ser bem trabalhados para serem acessíveis aos gestores, professores e aos próprios estudantes sem uma plataforma que os sistematize, como o Módulo Enem. Por isso, a aplicação de simulados (que geram um conjunto bem mais acessível de dados) é tão importante. A construção de uma cultura de revisão e correção de rotas nos processos de ensino-aprendizagem, passa pela captação de “fotografias” de diferentes momentos da trajetória do aluno.

Como podemos perceber, simulados e revisões são, portanto, momentos formativos de alta eficácia, pois permitem ao estudante ter uma visão concreta e aplicada do seu desempenho e, responder rapidamente e, de maneira focada, aquilo que está prejudicado na aprendizagem, apontando em uma direção positiva e de melhoria, deixando espaço para o desenvolvimento de uma mentalidade de crescimento, fundamental para o sucesso desse estudante na vida escolar e profissional.

Algumas práticas podem ser aplicadas para intensificar o valor de passar por essas experiências:

  • Solicite justificativas: durante os simulados e as revisões, solicite que os estudantes justifiquem suas respostas. A construção de justificativas requer um processo cognitivo complexo, a partir do qual, o estudante consegue identificar os argumentos que estão claros e aqueles que devem ser desenvolvidos com mais precisão, esclarecendo a necessidade, para eles, de retomar um conteúdo, já que mostram as lacunas de aprendizado. Solicite justificativas: durante os simulados e as revisões, solicite que os estudantes justifiquem suas respostas. A construção de justificativas requer um processo cognitivo complexo, a partir do qual, o estudante consegue identificar os argumentos que estão claros e aqueles que devem ser desenvolvidos com mais precisão, esclarecendo a necessidade, para eles, de retomar um conteúdo, já que mostram as lacunas de aprendizado.

  • Conheça a taxa de resposta a cada alternativa: é importante que informações mais completas (além de acertos e erros dos estudantes) estejam disponíveis para os professores. Saber qual das alternativas foi a mais escolhida pelos estudantes é uma forma eficiente de elaborar hipóteses sobre o que deu errado no processo de ensino.

  • Enfatize a característica da aprendizagem como processo: a particularidade mais importante de aplicar simulados e revisões é oferecer aos estudantes a oportunidade de entender a aprendizagem como processo. Para isso, o relacionamento com as evidências em seu percurso histórico é fundamental. Os estudantes precisam ser capazes de compreender que o desempenho no Enem é sempre o resultado de um processo, que pode ser avaliado e corrigido a tempo se ele se engajar em atividades de reconhecimento e de correção de rotas.

  • Ensine os estudantes a planejar seu próprio processo: o grande benefício de ter mais dados sobre o próprio processo de aprendizagem é poder planejar e estabelecer foco e prioridade, aumentando a eficiência dos momentos dedicados ao estudo, a realização de tarefas e ao engajamento em discussões e debates. Apresente aos seus estudantes ferramentas para conhecer os resultados e o planejamento que pode ser feito a partir deles, reconhecendo tendências e confirmando sua aprendizagem.

  • Incorpore os dados no planejamento: estudantes aprendem também por imitação. Um professor que está atento aos dados de aprendizagem e responde a eles, oferecendo oportunidades corretivas, demonstra aos estudantes que o compromisso com as evidências gera resultados. A eficiência das práticas é percebida por todos: o estudante percebe que tem menos tarefas e que elas estão mais focadas naquilo que ele precisa desenvolver; o professor percebe que seu trabalho tem objetivos claros e assim, a carga de objetos de aprendizagem que ele tem que buscar diminui e se torna mais assertiva; a escola percebe que existe uma coerência na narrativa que está sendo construída e pode comunicar isso para além dos muros.

Em resumo, compreender a matriz de referência do Enem e suas habilidades e competências é essencial para uma preparação adequada para o exame. Isso permite aos estudantes focalizarem seus estudos nos aspectos mais relevantes, evitando sobrecarga e estresse desnecessários. A Teoria da Resposta ao Item (TRI) desempenha um papel crucial na classificação das questões por grau de complexidade, levando em consideração as habilidades exigidas. Ensinar os estudantes a compreender a estrutura das questões, identificando descritores e distratores, é de suma importância para o sucesso na prova.

Além disso, a utilização de simulados e revisões baseados na matriz de referência é uma estratégia altamente eficaz. Essas práticas preparam os estudantes para o cenário de uma prova longa e fornecem indicadores valiosos sobre as correções necessárias. Solicitar justificativas, conhecer a taxa de resposta a cada alternativa e enfatizar a aprendizagem como um processo contínuo são abordagens que intensificam o valor dessas experiências. Ao ensinar os estudantes a planejarem seu próprio processo de aprendizagem e incorporarem os dados no planejamento, os educadores demonstram a importância do compromisso com as evidências para obter resultados positivos. Essas práticas contribuem para o sucesso dos estudantes tanto em sua trajetória acadêmica quanto profissional.

Fonte: focoescola.com.br.

 

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