A BNCC consolidou a importância das habilidades socioemocionais
As habilidades socioemocionais envolvem a capacidade de gerenciar as próprias emoções, adquirindo inteligência emocional para saber lidar com as mais diversas circunstâncias, principalmente em relação às interações interpessoais.
Assim, essas habilidades dizem respeito à aquisição de empatia, respeito, autoconfiança, ética, paciência, autonomia, responsabilidade, entre outras noções essenciais para o convívio em sociedade.
Devido à indispensabilidade dessas competências para o desenvolvimento sadio dos jovens e crianças, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), em suas diretrizes e orientações, descreve a importância de trabalhar e desenvolver habilidades socioemocionais na prática educativa, não só em sala de aula, mas em conjunto com a cultura escolar.
Nesse sentido, este artigo traz tudo o que você precisa saber sobre esse tema tão importante para o setor educacional. Então continue a leitura e confira o conteúdo exclusivo que o SAS Plataforma de Educação preparou!
Os pilares do desenvolvimento socioemocional segundo a BNCC
Para desenvolver as habilidades socioemocionais durante a infância, a escola precisa considerar e aplicar alguns pilares fundamentais na rotina pedagógica.
Valorize a diversidade e a pluralidade do saber
O ambiente escolar é constituído pela pluralidade, portanto, é essencial considerar em primeiro plano a diversidade sociocultural dos estudantes. Isso porque um ensino inflexível e padronizado não atende às necessidades individuais de cada aluno, o que, por sua vez, prejudica seu desenvolvimento e seu processo de aprendizagem.
Da mesma forma, o aluno que não se sente compreendido e respeitado em sua individualidade, tende a não engajar no processo educativo, o que também causa prejuízos em sua construção enquanto indivíduo.
Nesse contexto, a escola precisa pensar o coletivo como homogêneo, mas entendendo que as experiências socioculturais devem ser consideradas no processo de ensino-aprendizagem, a fim de promover um ambiente empático e acolhedor.
Trabalhar a escuta ativa desenvolvendo o racional e o emocional
Além de ter a pluralidade como eixo, para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais é muito importante que o ensino seja sensibilizado, criando um ambiente em que o aluno sinta que é respeitado e reconhecido.
A escuta ativa, então, consiste em ouvir o outro com atenção, receptividade e estima, entendendo que suas percepções e mensagens são válidas e importantes.
Da mesma forma, a escuta ativa é essencial para o desenvolvimento de uma comunicação não violenta, bem como faz grande diferença para a articulação racional e emocional. E é por meio da aquisição desses entendimentos que o indivíduo aprende a lidar com a diversidade e com conflitos e situações adversas.
Estabelecer a cultura do diálogo
Na mesma linha do pilar descrito anteriormente, a escola também precisa criar um ambiente democrático para a manifestação e troca de opiniões, perspectivas e experiências.
Desse modo, o processo de ensino não pode manter um abismo entre docentes e discentes. Ambos devem trabalhar em conjunto para a construção e aquisição do conhecimento, sendo que o aluno, nesse caso, torna-se protagonista do próprio processo de aprendizagem.
Para manter essa relação harmônica, faz-se necessário manter uma cultura do diálogo, dando espaço para que o estudante se expresse e criando uma comunicação horizontal que respeite e ouça todas as vozes em igual. A partir disso, noções como resiliência, proatividade, confiança e autonomia são desenvolvidas.
Fomentar a autonomia dos alunos
A autonomia é um componente fundamental para a formação dos alunos. E isso vai muito além de sua formação escolar, sendo uma habilidade necessária para o indivíduo atuar na sociedade.
A partir do desenvolvimento dessa competência durante todas as etapas de aprendizagem, o aluno adquire princípios de cidadania, pensamento crítico e analítico, autossuficiência, postura colaborativa e, principalmente, responsabilidade.
As habilidades socioemocionais para dentro da escola
Como já citado, o ambiente escolar é constituído pela pluralidade e diversidade, e, justamente por isso, é o espaço ideal para estimular o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
Entre as práticas pedagógicas possíveis para mediar a aquisição dessas competências, destacam-se:
Fomentar a coletividade entre os alunos e profissionais
Inserir a cultura maker na escola é uma boa alternativa para engajar e envolver os alunos durante as aulas. Essa cultura, comumente chamada de “faça você mesmo”, refere-se à adoção de atividades práticas que permitem que o aluno aprenda por experimentação, colocando a mão na massa.
Essa estratégia faz com que o aluno adquira autonomia, instiga a curiosidade, estreita a relação entre educando e educador e, principalmente, estimula a criatividade, que é uma peça importante para o desenvolvimento cognitivo.
Interdisciplinaridade em projetos
A interdisciplinaridade envolve a união entre diversas áreas de conhecimento, o que dinamiza o processo de aprendizagem, oferecendo ao aluno uma visão ampla do conteúdo.
Assim, é interessante desenvolver projetos que abracem várias disciplinas, a fim de explorar o conhecimento a partir de seus diversos aspectos e, consequentemente, desenvolver habilidades socioemocionais como colaboração e raciocínio lógico.
Fomentar o diálogo através de projetos
Promover uma aprendizagem dialógica é uma estratégia que vai de encontro à sensibilização do ensino. Ao inserir projetos que tenham o diálogo como peça chave, é possível estabelecer interações horizontais e igualitárias, compreendendo a diversidade cultural dos participantes.
Por sua vez, essa abordagem favorece a criação de sentido pessoal e social, bem como a solidariedade e a cordialidade.
Ampliar o conhecimento cultural
Cultura e educação caminham lado a lado, sendo indissociáveis. Sendo assim, é indispensável a inserção de conteúdos culturais, em suas variadas faces, nos projetos pedagógicos.
É comum que o currículo escolar conte com a disciplina de Arte, por exemplo. Contudo, ressalta-se que o conhecimento cultural não se resume em apenas uma matéria. Ele precisa ser trabalhado em toda sua amplitude, tendo em vista que trabalhar a pluralidade cultural é também respeitar a individualidade de cada estudante.
Valorizar a literatura
A literatura é o reflexo de um determinado contexto histórico-cultural. Ela transporta para outras épocas, costumes, universos, histórias e culturas. Portanto, ler é conhecer outros lugares e períodos sem sair do lugar.
Infelizmente, o estudo literário nas escolas ainda pode ser moldado por um tradicionalismo que afasta os alunos da importância da literatura. Então, como desmistificar essa disciplina?
Inicialmente, é interessante aplicar a interdisciplinaridade no estudo literário, tendo em vista que essa área de conhecimento conversa com muitas outras.
Do mesmo modo, também é possível aplicar atividades investigativas durante o trabalho de certa obra literária, instigando o aluno a entender aquele universo presente dentro das páginas. Além disso, o hábito de leitura inspira o aluno a criar suas próprias histórias, sendo dever do educador encorajá-lo a desenvolver sua escrita.
Vale ressaltar que esses projetos não devem ficar presos e isolados em sala de aula. Eles precisam fazer parte da cultura escolar como um todo, conversando com outras matérias e trocando experiências com outras turmas.
Mobilize a escola em um projeto
Dada a teoria, agora é preciso partir para a prática! Mas como criar um projeto que mobilize toda a escola?
Em primeiro lugar, é preciso desenhar um plano de ação definindo os objetivos, os meios para alcançá-los e o papel de cada autor nesse processo.
Por exemplo, para um projeto que una literatura e música, é possível desenvolver a seguinte dinâmica:
- Selecionar uma obra literária coerente com o momento de ensino;
- Trabalhar o texto em sala de aula de forma dinâmica, estimulando a participação dos alunos por meio da leitura em voz alta e pausas para debate;
- Finalizada a leitura, os alunos devem escolher uma música (ou mais) que traduz o que aquela obra trabalha. Inclusive, nesse ponto, é até mesmo possível criar a própria canção;
- O projeto pode ser finalizado por uma apresentação entre as turmas. Assim, para que de fato ocorra uma troca produtiva, cada turma deve trabalhar uma obra diferente.
Esse exemplo de atividade trabalha, na prática, diversas habilidades socioemocionais, como colaboração, criatividade, curiosidade, compreensão, comunicação eficaz, respeito etc.
Fonte: Portal SAS